Habilidade e competência: Discutir as condições de trabalho e a formação da cultura política contemporânea.
AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E A FORMAÇÃO DA CULTURA
POLÍTICA CONTEMPORÂNEA
Sem dúvida, a industrialização
trouxe, ao longo do tempo, benefícios para toda a sociedade. Mas também acabou
gerando sofrimento para os trabalhadores, até mesmo pela ausência de leis que
colocassem limites à cobiça dos capitalistas.
A descrição das fábricas foi
sempre negativa: baixos salários, exploração do trabalho infantil e da mulher,
umidade ou frio excessivo, jornadas de até 16 horas diárias, ar poluído,
sujeira, humilhações sofridas pelos trabalhadores, acidentes com máquinas que
provocavam mutilações e mortes. Os operários eram constantemente vigiados e
obedeciam a horários rigorosos; uma verdadeira disciplina militar que não
excluía a violência física dos capatazes. Eram regras exclusivamente impostas
pelos interesses dos patrões. Além disso, o fantasma do desemprego estava
sempre presente, obrigando o trabalhador a suportar esse regime. Fora das
fábricas as condições não eram melhores: muitos se entregavam ao alcoolismo, as
habitações eram precárias, nos bairros populares não havia saneamento, as
epidemias se espalhavam e os salários não eram suficientes para alimentar a
família.
No início do século XIX
aconteceu o Movimento Ludista, que era formado por grupos de operários que
invadiam as fábricas e quebravam todo o maquinário como forma de protesto. Os
ludistas consideram que as máquinas eram as grandes responsáveis pelo
desemprego. A reação do governo foi violenta, com prisões, deportações e
enforcamentos. Em 1817, o governo proibiu reuniões públicas e distribuição de
panfletos que incitassem revoltas ou manifestações. Dessa forma, as primeiras
manifestações operárias eram tratadas como caso de polícia.
Para melhor se organizar, os
operários começaram a formar associações de ajuda mútua, conhecidas como Trade
Unions. Essas associações tinham como objetivo principal organizar as
reivindicações dos operários que, em troca pagava uma pequena mensalidade.
Essas associações foram se fortalecendo lentamente e deram origem aos
sindicatos de trabalhadores.
No final da década de 1830
surgiu um novo movimento, mais organizado e centrado em reivindicações
políticas. A iniciativa partiu da Associação dos Trabalhadores de Londres, com
a divulgação da Carta do Povo, redigida por William Lovett e enviada ao
Parlamento em 1838. Por isso, esse movimento ficou conhecido como cartismo.
Os cartistas queriam a
aprovação de uma reforma parlamentar que garantisse uma representação política
para os operários; o sufrágio universal masculino, voto secreto, pagamento de salários aos
parlamentares para que os operários pudessem se candidatar e uma reforma nos
distritos eleitorais. O objetivo era claro: democratizar o Parlamento,
permitindo maior acesso ao poder legislativo.
O Parlamento aprovou a jornada
de trabalho de 10 horas, em 1842; proibiu o trabalho de crianças e mulheres na
limpeza das máquinas em funcionamento em 1844; no mesmo ano reduziu pela meta a
jornada de trabalho para crianças menores de 13 anos. Os sindicatos, no entanto,
só seriam reconhecidos na década de 1870. Mas o movimento foi fundamental e
marca as primeiras conquistas dos trabalhadores.
OS GRUPOS SOCIAIS
Os operários eram homens,
mulheres e crianças que abandonaram suas atividades tradicionais como o
artesanato e o campesinato para trabalhar nas indústrias. O salário que
recebiam era insuficiente para sustentar a família e, a grande maioria não
conseguia pagar o aluguel de uma casa, sendo obrigados a morar em albergues e
cortiços. Os que conseguiam pagar aluguel moravam em residências precárias
perto das fábricas, onde a poluição e a falta de saneamento básico tornavam o
ambiente propicio para a proliferação de doenças. Nos momentos em que não
estava trabalhando, nem cuidando de seus afazeres, o que era raro, os operários
procuravam alguma forma de lazer. Costumavam frequentar pubs (bares) e as
feiras ao ar livre. O futebol também era bastante praticado pelos operários.
Os burgueses, proprietários
das indústrias, cada vez mais ricos e ociosos, moravam em mansões suntuosas,
nos bairros distantes das fábricas e divertiam-se praticando caça, passeando e
frequentando luxuosos teatros. Além disso, aproveitavam o tempo livre para
estudar manuais de etiqueta e também livros sobre conhecimentos modernos. Com
isso, a burguesia criou um novo padrão de cultura e de comportamento,
caracterizado pelo apreço a administração racional do tempo e do dinheiro.
A Revolução Industrial
aumentou o contraste social entre a rica burguesia e a massa pobre de
operários, mas possibilitou o surgimento de uma classe social intermediária,
posteriormente chamada de “pequena burguesia”. Essa nova classe, denominada de
classe média era formada principalmente por profissionais autônomos prestadores
de serviços como advogados, médicos, jornalistas, engenheiros e professores,
além de pequenos proprietários como comerciantes. Esse grupo social dava grande
importância e valor a moral burguesa, exaltando o sucesso financeiro e
cultivando um modo de vida austero e sem excessos. Muitos membros da classe
média mantinham contatos com os operários, o que estimulava a denunciar as
péssimas condições de vida da população pobre, enquanto condenavam as atitudes
que consideravam imorais, como o roubo e a mendicância.
Adaptado de:
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